Casa de barro feita com as ‘próprias mãos’ vira sonho realizado de família em SC

Casa de barro feita com as ‘próprias mãos’ vira sonho realizado de família em SC


Enquanto o carro avança em direção ao interior de Joinville, no Norte de Santa Catarina, os prédios vão dando espaço às árvores, cachoeiras e casas tradicionais da região rural.

O caminho é longo e ultrapassa o limite com Garuva, até o ponto em que uma estrada recém-aberta dá espaço a uma estrutura que harmoniza com a natureza ao redor: uma casa de barro.

A estrutura está sendo erguida a oito mãos, com muito esforço e carinho, por uma família que já cultivava há anos o sonho de construir o próprio lugar para morar.

Ligados à permacultura desde os tempos de faculdade, a bióloga Patrícia da Silva e o turismólogo Luiz Carlos Casas Filho só esperavam uma boa oportunidade para tirar os planos do papel.

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E ela chegou em 2019. Foi quando, após o nascimento dos dois filhos e anos pagando aluguel, eles conseguiram comprar um terreno na Estrada Quiriri, região rural que começa em Joinville e segue até Garuva, rodeada pela Mata Atlântica. “Voltou todo aquele sonho que estava em standby de fazer a nossa casa com as próprias mãos”, conta Patrícia.

Após muito estudo sobre a bioconstrução, como é chamada a técnica de construir com materiais que tenham baixo impacto ambiental, o casal decidiu fazer um pequeno depósito para treinar a prática e guardar os materiais usados para a casa definitiva. O “problema” é que o projeto deu tão certo que a família acabou mudando de ideia.

“Ia servir como depósito, mas a coisa foi ficando tão bonita, grande e robusta, que a gente falou ‘não dá pra guardar só material, vamos fazer um mezanino para poder dormir e ficar mais tempo’. Ela está tão linda que dá vontade de abraçar e não sair mais de dentro, mudou de função”, se orgulha a bióloga.

O processo de testar técnicas continua, assim como os planos da família em relação à bioconstrução. Além da atual estrutura, eles pretendem construir a casa onde vão morar também nesse método, além de pequenos chalés para fomentar o turismo rural e ecológico na região.

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O que era pra ser apenas um depósito acabou conquistando o coração da família – Foto: Juliane Guerreiro/NDO que era pra ser apenas um depósito acabou conquistando o coração da família – Foto: Juliane Guerreiro/ND

Como é construída uma casa de barro

Há diversas técnicas utilizadas para fazer uma casa de barro, como adobe, hiperadobe e superadobe. Todas consistem em modelar tijolos de barro, mas têm diferenças entre si.

Na casa construída pela família joinvilense, por exemplo, usa-se o hiperadobe, técnica em que o barro é envolto em sacos de raschel, feitos em tramas de polietileno.

“Nós nos encantamos com o hiperadobe pela facilidade e a questão do custo. O rolo de raschel custou R$ 500, o barro foi tirado da terraplanagem da estrada e a gente foi trazendo com o carrinho de mão. O único custo seria o da mão de obra”, explica Luiz.

Apesar dos estudos, a família não tinha experiência nesse tipo de construção e, por isso, todo mundo aprendeu junto, pais e filhos, sobre o que dá certo na prática. “Testamos a questão da umidade, de fazer decoração, do uso de garrafa para luminosidade, de que forma a gente faria tudo”, conta o turismólogo.Garrafas foram usadas para aproveitar a luminosidade externa dentro da casa – Foto: Juliane Guerreiro/NDGarrafas foram usadas para aproveitar a luminosidade externa dentro da casa – Foto: Juliane Guerreiro/ND

Um dos desafios foi lidar com a falta de padrão dos materiais que, por serem naturais, não têm toda a retidão dos tradicionais. “Tive que desconstruir: a parede pode ser curva, pode não ter canto, pode ficar torta. É o mais orgânico possível com tudo que a natureza nos dá”, destaca Luiz.

Ele destaca, porém, que é possível ter um nível de acabamento perfeito para projetos de alto padrão, caso esse seja o objetivo. “Dá pra fazer algo entre o que é convencional e o natural, que não pode ser ruim para morar. É possível não ser tão ‘hippie’ e fazer um ótimo acabamento no limite entre o ‘hippie demais’ e o ‘luxo demais’”, afirma.

Segundo a família, os gastos até agora foram apenas com os sacos de raschel, ferramentas e os custos relativos ao transporte e à alimentação no local. “Todo o recurso a gente tirou daqui: as pedras do fundamento foram do rio, o bairro foi da estrada, os eucaliptos do terreno”, diz Luiz.

Além disso, eles reaproveitaram janelas e outras madeiras antigas, que já tinham guardadas em casa, sempre pensando em usá-las na residência própria.

Fonte: ND+



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