Cerca de 43 famílias poderão perder seu lar após loteamento ir a “leilão suspeito” no Alto Vale

Cerca de 43 famílias poderão perder seu lar após loteamento ir a “leilão suspeito” no Alto Vale


O Jornal Folha do Estado recebeu várias denúncias envolvendo o leilão de um loteamento no município de Agrolândia, em Santa Catarina.

Receba notícias eu seu WhatsApp, clique Aqui!

Segundo as denúncias, um loteamento localizado na região conhecida como Barra do Tigre, na cidade de Agrolândia, possuindo mais de 214.000 metros quadrados e com valor estimado de mercado de cerca de 2,7 milhões de reais, teria sido levado a leilão por um valor estimado em cerca de 460 mil reais e, curiosamente, dias após o arremate, a empresa estaria vendendo a mesma área por um valor inferior ao valor pago no leilão.

Denúncias, suspeitas, dúvidas não esclarecidas, suposto “conluio”, direcionamento ou favorecimento, enfim, um enredo digno daqueles filmes hollywoodianos de tribunais e supostas injustiças.

Mas, segundo as informações, o valor do leilão não seria o problema e sim, as várias tentativas de acordo com o Banco Bradesco feitas pelo proprietário do loteamento, Sr. Juliano Ramos, e também pelos moradores do loteamento, que teriam tentado fazer um acordo com o banco para pagar uma dívida do proprietário e evitar que o loteamento fosse a leilão.

A Folha do Estado entrou em contato com as partes envolvidas para tentar entender o que aconteceu em relação a este caso, onde se apontam suposto direcionamento ou favorecimento, bem como, um total desinteresse por parte de funcionário do banco em até mesmo receber a dívida, não importando de onde seria feita a negociação para o pagamento e evitar que o loteamento fosse a leilão.

O QUE DIZ O SR. JULIANO RAMOS, PROPRIETÁRIO ORIGINAL DO LOTEAMENTO

“Sobre o loteamento, eu fiz um financiamento no Bradesco de Agrolândia em 2010, peguei 80 mil e pagava R$ 2.200 mil por mês, parcelado em 10 anos”. Daí chegou numa altura que eu acabei-me “trancando”. Eu tinha uma loja de roupas, vendia com prazo e parcelado, aí foi ficando muito boleto e cheque sem eu receber e foi-me “trancando”, eu fui me apertando e, em 2016 veio à crise e ali me judiou mais ainda.

Aí fui renegociando com o banco, tentando entrar em contato pra ir acertando, e chegou uma altura que eu já tinha pago uns R$ 160 mil do terreno e a gerente dizia que eu ainda devia uns R$ 110 mil. Eu tinha umas parcelas em atraso com eles, fiz um acordo e paguei o boleto de R$ 4 mil reais e eles nem deram baixa no boleto e continuaram me cobrando ainda as parcelas desse boleto.

Daí eles diziam que eu tinha que pagar um valor lá pra mim acertar e renegociar com eles. Daí ao mesmo tempo, quando veio a pandemia em março de 2020, que eu tinha algumas parcelas em atraso, eles vieram e mandaram direto pra leilão.

Veio uma notificação do cartório que eu tinha prazo pra pagar, mas depois eu não fui notificado de leilão ou de qualquer outra coisa, não fui notificado de mais nada.

Eu só soube do leilão através do Maquito, de Trombudo Central, porque eu tinha vendido um terreno pra ele e ele me avisou que já estava pra ser leiloado, que estavam vendendo o loteamento, uma semana depois já ia ser vendido.

Eu tive contato com uns advogados de São Paulo que diziam que era pra entrar na justiça e derrubar o leilão, que eles eram especialistas em leilão e tudo o mais. Aí entramos na justiça e o juiz disse que não tinha necessidade de derrubar o leilão porque eu tinha tempo pra ir negociando.  Mas não saiu nada.

O pessoal que eu vendi uns terrenos se uniram pra tentar derrubar o leilão, e também pra irmos atrás de um acordo com o banco. Tentamos fazer um acordo com o banco pra pagar a dívida, mas não teve negociação, foi pra leilão e não quiseram negociação.

Como não teve negociação, a gente se reuniu, o pessoal todo, pra tentar arrematar no leilão e negociar na justiça, mas também não conseguimos porque o gerente do banco entrou em contato oferecendo pra várias empresas pra entrar no leilão junto pra arrematar o loteamento, então foi um valor alto que eles quiseram. No começo eles avaliaram em R$ 2 milhões e 700 mil o loteamento.

Depois venderam no leilão por R$ 460 mil mais o leiloeiro. No outro dia tava pra vender por um valor menor do que pagaram, tirando o leiloeiro. Então, eu suspeito que tinha muito “chuncho” no meio, e eu não consegui mais ter contato até hoje. Meus advogados “sumiram” do mapa, tentei entrar em contato com eles e não me responderam mais. Também não paguei mais eles porque não tive retorno de mais nada deles. Então no fim ainda me “ferrei” com isso, a gente tentando fazer o acordo e não conseguindo.

Em 2016 quando veio a crise eu consegui pagar uma parte e ficou mais uma parte. Eu tava tentando negociar como dava e ai veio a pandemia e aí me prejudicou tudo, porque fechou os bancos por uns dias e depois quando voltou, já voltou dizendo que não existia mais acordo pra fazer pra mim.

Mas eu nunca fui notificado de que já ia pra leilão, de que eu tinha direito de comprar o loteamento, nada, nada… Me parece que foi feito “ás escuras”.

O pessoal, a gente se reuniu, meu pai também, tentando ajudar pra gente resolver, pra ajudar. Eu já estava bem complicado de dinheiro nessa época e o pessoal que eu vendi os terrenos tentaram se unir pra arrematar no leilão pra gente ir resolvendo, e a justiça nunca deu direito pra gente de nada.

Agora até o promotor me chamou pra eu fazer um depoimento lá, mas cada vez aparece uma coisa da justiça, que não pode trabalhar e aí cancela pra eu ir lá ao fórum. Então a gente não conseguiu conversar com ninguém ainda.

Já transferiram o terreno “para o nome” do pessoal que comprou no leilão, eu não conheço, mas dizem que é de Xanxerê. Então a gente ficou de mãos atadas.

A gente “peleou”. Eu tentei fazer várias tentativas de negociação com eles pra gente fazer acertos, mas não tive sucesso. Eu fiquei com muita vergonha também do pessoal porque eu não consegui pagar tudo, e aí já estavam cobrando bem mais do financiamento, porque eu paguei o capital e mais um pouco, e pra nós eles não deram a chance, não teve jeito.

Ai o pessoal se uniu e disseram que iam conseguir os R$ 110 mil que o banco quer e vamos quitar a dívida. Mas não teve acordo. Nunca ninguém deu a chance pra gente quitar, mesmo com todo mundo tentando me ajudar, o pessoal que eu vendi os terrenos.

E o banco nunca deu chance pra gente conseguir quitar, pra acertar as coisas. Eles só diziam que não tinha mais acordo e queriam vender no leilão “por toda a lei”.

Eu sempre tive interesse em acertar as coisas, em pagar. Eu vendi uns terrenos e investi nas lojas. Eu tinha duas lojas de roupas e vendia para lojistas, comprava e revendia e o lucro era bom. Então eu pensei em ir investindo no loteamento e quitando a dívida com o banco.

Mas fiquei “trancado” porque não consegui receber muito dinheiro, tenho R$ 120 mil pra receber em boletos e uns R$ 160 mil em cheques que até hoje eu não consegui receber.

Daí o pessoal que eu vendi os terrenos se uniram pra me ajudar, pra gente quitar a dívida com o banco e resolver tudo, mas o pessoal do banco não deu chance. Não existia acordo com eles!

Eu nunca fiz nada pra lograr ninguém. Tanto que quando eu não consegui mais pagar as parcelas, o pessoal se uniu pra me ajudar a quitar. Mas essa oportunidade a gente nunca teve. Eles entraram na justiça e tudo, mas a gente nunca conseguiu nada.

Essa dívida que eu tinha, quando eu tentei fazer um acerto, em março do ano passado quando veio a pandemia, aí tinha uma outra dívida de R$ 30 mil reais da minha empresa, porque eu não estava recebendo dos credores e não conseguia pagar. Daí o gerente só fazia um acordo ainda se eu arrumasse o dinheiro pra dar entrada e parcelar, se eu desse entrada e parcelasse a outra minha dívida. Eu tive que dar uma parte ainda da outra dívida. Ele me trancou de um jeito que eu tinha que pagar as duas dívidas senão eu ia perder o loteamento. Então eles tentavam me amarrar desse tipo e eu não conseguia receber dos meus credores e pagar a dívida, mas também o pessoal que eu vendi os terrenos não tiveram a chance de fazer um acordo e quitar a minha dívida”, afirmou Juliano Ramos.

O QUE DIZ O SR. ANTONIO PAULO RAFAGNIN, MORADOR DO LOTEAMENTO E UM DOS REPRESENTANTES DAS 43 FAMÍLIAS

“Quando eu negociei em setembro de 2014 a primeira parte, foram 3 hectares, eu comprei porque era do Juliano, uma pessoa boa, de uma família séria, eu conheço muito bem o pai dele e os irmãos, são uma família de trabalhadores. Eu não imaginei que isso fosse acontecer com a Juliano, eu não sei exatamente o que aconteceu na vida dele que ele não conseguiu colocar as coisas em dia, mas isso não vem ao caso.

Em 2015 eu comprei mais um hectare dele e esperei a escritura. Como demorou eu resolvi registrar os dois contratos. Quando cheguei no registro de imóveis, aí me falaram que a terra estava alienada ao banco. Ele tinha dado como garantia de um empréstimo de R$ 80 mil reais.

Aí, em 2016, eu fui no banco pra ver como estavam as coisas e ele estava pagando. Ele às vezes atrasava uma ou duas parcelas, mas ia lá e quitava com os juros e tudo o mais.

Foi na época da crise, 2016 que parou tudo, greve de caminhoneiros, impeachment de governo, e isso atrapalhou a vida dele também. Porque o dinheiro que ele tinha recebido ele tinha gasto em outras coisas como processos e tudo o mais, pelo que eu fiquei sabendo agora.

E ele não estava conseguindo por em dia a terra. Eu pedi uma solução para o gerente do banco na época. A única resposta que ele me deu nas duas vezes em que fui falar com ele, e eu não sei aonde ele está hoje, por isso não vou mencionar o nome dele, ele me disse assim, “eu vou tomar essas terra, essa terra não tem solução, essa terra eu vou tomar”.

E, eu na época disse pra ele, ‘olha, se você tomar essa terra, vai dar cadeia pra alguns, porque realmente isso não é uma coisa que se faz’, e saí e fui embora. Mas vim acompanhando desde a época pra saber o que estava acontecendo. O Juliano estava pagando, devagar, atrasado, mas estava pagando.

Em 2018 eu desci pra Itapema e não acompanhei mais nada e, quando veio a surpresa, foi no ano passado, no mês de junho quando um vizinho viu num site sobre o leilão das terras. Na mesma semana nós providenciamos um advogado para nos assessorar nessa questão.

Contratamos o Dr. Flávio Cavilha e ele tem nos assessorado muito bem. Dali em diante o que ele fez, ele tentou pagar o banco. Com todas as forças ele tentou falar com o jurídico do banco, tudo por escrito, nós tentamos interferir no pagamento para quitar a dívida, mas eles não aceitaram. O pai do Juliano se propôs a pagar a dívida, nos ajudava com R$ 200 mil pra arrematar o leilão, tudo isso aconteceu, tudo.

O banco não aceitou nós pagarmos. O leiloeiro não aceitou nós bloquearmos o leilão e pagarmos os R$ 160 mil, que nós tínhamos como pagar, pagaríamos a vista e mais os ( 5% ) cinco por cento do leiloeiro sem problema nenhum. Todas as propostas foram feitas. Ninguém nos ouviu, ninguém aceitou nossas propostas. Parecia que nosso dinheiro não valia nada.

Depois de tudo isso, o que que houve, simplesmente nós entramos no leilão quando era R$ 160 mil, fomos até R$ 300 mil pra arrematar, mas não conseguimos porque já existia uma ‘promessa’ nessa terra. E depois, nós ficamos sabendo através do nosso colega, o Maquito, que também está no grupo, que a pessoa que arrematou o leilão esteve aqui e falou com ele (Maquito) que ele (comprador) foi avisado pelo gerente do banco.

Segundo o que nós estamos sabendo, o gerente do banco que estava na Agrolândia na época, está na região aonde tem a empresa Demeter, Xaxim ou Xanxerê, por ali. Então, foi isso que nós ficamos sabendo ‘de boca’, não temos certeza.

Então, tudo isso envolveu uma questão banco, uma questão leiloeiro, uma questão empresa que arrematou o leilão… Então não se sabe por onde isso se caminha mais. Então, o relato que eu tenho é esse, eu gastei R$ 30 mil pra por energia elétrica aqui, eu tenho bloco de nota produtor, eu abri uma MEI no mesmo local, a Prefeitura colocou máquina pra abrir a estrada aqui, a Prefeitura me cedeu o número do sítio que tenho hoje, que é 5450 fundos, então nós construímos e agora estamos com essa situação.

Nós temos aqui, cerca de 43 famílias, alguns deles deram o carro que era a única coisa que tinham, pra comprar um terreno, outros são aposentados que compraram um terreno pra construir e morar, tem uma pessoa doente que comprou e não consegue mais vender pra recuperar o dinheiro pra tratar da saúde, tem gente que deu tudo que tinha pra comprar um terreno.

É complicado, por isso que a gente luta, porque tem muita gente aqui que deu tudo que tinha pra comprar um terreno. As pessoas compraram para sair do aluguel, para ter um chão, pensando em se ajeitar, se estabilizar… Eu acho incrível que nem o cartório que bate o contrato avisou de nada, e nem a Prefeitura se mexeu quando nós compramos e começamos a construir. Isso que dói, por que os órgãos públicos não nos alertaram de nada? A própria Prefeitura poderia ter feito isso e avisado o cartório para não fazer contratos do loteamento. Então, é complicado. É isso que dói nas pessoas. A Celesc, por exemplo, veio aqui e mapeou tudo e passaram pelo meio do loteamento com a energia.

Então, os órgãos públicos nos deixaram na mão, desde a Celesc, a Ambiental, tudo o que você imagina de órgão público nos deixaram na mão”.

O QUE DIZ A EMPRESA QUE ARREMATOU O LOTEAMENTO

Para esclarecer algumas dúvidas, principalmente em relação aos fatos alegados pelos moradores, de que o Banco Bradesco havia convidado a empresa que arrematou a participar do leilão, a Folha do Estado entrou em contato com o senhor Vanderlei  Tecchio, proprietário da empresa Demeter Participações Ltda, com sede em Xaxim/SC, que participou do leilão e arrematou o loteamento em questão.

Para a nossa reportagem, Vanderlei Tecchio afirmou que eles compram várias áreas em leilão e que, somente do Banco Bradesco, a empresa teria adquirido cerca de seis áreas leiloadas.

Perguntado se a empresa teve conhecimento do leilão por edital ou outra fonte, Vanderlei afirmou que teve conhecimento do leilão através do Banco Bradesco.

Perguntado qual o valor do arremate, ele disse não poder informar por serem “dados financeiros” e ele não poderia dar detalhes.

Perguntado se ele ou a empresa tinham conhecimento de que haviam várias famílias no loteamento, Vanderlei afirmou que não tinha conhecimento. E acrescentou que, após fazerem o arremate em leilão, ele esteve pessoalmente na região do loteamento e fez uma proposta para as famílias, através de um dos representantes das famílias, mas não houve interesse deles em fazer ajuste nenhum. Diante disso a empresa continuou a fazer o processo normal pós-arremate. Mas reclamou de que, quando fez uma proposta de venda da área para um dos representantes dos moradores, ele não recebeu nenhuma contraproposta.

Ele afirmou ainda que, segundo a sua percepção, assim como não houve interesse em acerto com ele após o arremate da área, também poderia não haver tido interesse em acerto com o banco. “Só o fato deles ajuizarem e tudo o mais, vão gastar mais do que se tivessem feito um acerto conosco”, disse Vanderlei Tecchio.

Diante dessa afirmação, procuramos o morador da área que teria recebido a proposta, conhecido popularmente como “Maquito”.

Para a Folha do Estado, “Maquito” disse que, “cerca de dois dias depois do leilão ele viu no grupo dos moradores, uma foto de um veículo que estava na região do loteamento e ele resolveu ir até lá para ver quem era, pois poderia ser quem arrematou o loteamento no leilão. Chegando no local, ele viu dois homens com um drone, ao que ele se aproximou e se apresentou como morador e começou a conversar com eles. Então eles pediram uns minutos pra terminar de tirar umas fotos da área.

Após, ele foram tomar um café juntos, aonde um dos homens se identificou como Vanderlei, proprietário da empresa Demeter, que arrematou o leilão. Ele falou o que ele queria fazer lá (no loteamento), falou que nós tínhamos sido logrados’e aquela coisa toda. Aí ele disse, olha pra não dizer que eu não vou deixar uma proposta para vocês precisarem sair ali de cima, eu quero R$ 1,5 milhão de reais, porque foi avaliado em R$ 2,7 milhões pelo banco, ele também mandou um pessoal avaliar, fazer um estudo da área e também avaliaram em dois milhões e pouco.

Ai eu falei que a gente é em mais ou menos quarenta famílias ali na área e tal, daí ele me disse, desculpa te cortar Maquito, mas para mim vocês são quarenta números, eu não conheço nenhum de vocês, não tenho contato com ninguém; pra mim e pra minha empresa, são quarenta números, sem envolver sentimento, ele falou, o negócio é capital, não tem nada com sentimento, ele falou”, disse Maquito.

Perguntado se ele questionou a forma que a empresa soube do leilão, Maquito respondeu que, “eu perguntei o por que deles não terem participado de outro leilão, de R$ 380 mil, porque sairia mais barato e ele me respondeu que nem sabia desse leilão. Ele me disse que o Bradesco ficou ligando para o escritório dele para oferecer e os advogados dele não tinham certeza de que seria uma coisa garantida, mas que o banco ligou para o escritório dele dizendo que sim, que era uma coisa garantida, que não tinha volta, era comprar que estava tudo certo”, afirmou Maquito.

Quando estávamos finalizando os questionamentos, Maquito se lembrou de uma coisa muito importante, e que talvez jogue uma luz para elucidar o por que de o Banco Bradesco não aceitar, segundo Juliano Ramos e os moradores, a quitação da dívida que culminou no leilão da área em questão: “Uma outra coisa, esse Vanderlei, ele falou pra mim que, “olha, vocês não conseguiram pagar a dívida nas tentativas que vocês tiveram, ele falou assim, porque eu sei de tudo, estou sabendo até que ontem (um dia após o leilão) caiu mais um pedido lá para a anulação do leilão. Eu sei de tudo, meus advogados estão informados de tudo. Mas o juiz já negou’, ele falou. Ele também falou que nós não conseguimos lá direto no banco, porque o Juliano Ramos tem uma ação contra o banco de juros abusivos. Então, não sei né, ele falou que com essa ação contra o banco, o banco também tem o direito de negar o aceite do pagamento da dívida, não sei se é verdade, mas ele falou isso pra mim”, finalizou Maquito.

O QUE DIZ O BANCO BRADESCO

No fechamento da matéria, entramos em contato com o Banco Bradesco de Agrolândia, nos identificamos, informamos o motivo da ligação e pedimos para falar com o gerente. Fomos informados pelo funcionário que atendeu a ligação, de que o gerente atual está a cerca de um mês na agencia e não teria conhecimento dos fatos, mas ele se dispôs a colaborar com algumas informações, pois trabalha a mais tempo no banco e tem algum conhecimento dos acontecimentos. Nós concordamos em manter a identidade do funcionário preservada.

Em relação ao questionamento dos motivos pelo qual o Banco Bradesco não concordou em aceitar que os moradores do loteamento pagarem a dívida do Sr. Juliano Ramos, segundo o funcionário, “a própria permissão para isso seria uma quebra de sigilo bancário” e mencionou ainda que, “o débito de um titular só pode ser quitado por ele mesmo”.

Ele também mencionou, entre outras coisas que, “os débitos estavam vencidos há mais de três anos”, que houveram “várias tentativas de contato com o credor, sem sucesso”, que ele acredita que, “o dono teria vendido de má-fé mesmo, pois havia até divulgação na Rádio Amanda FM 101,5, de Rio do Sul”, e que, “a venda e alienação acredito que foi muito perto uma da outra”.

Diante das informações importantes colhidas pela nossa reportagem e da situação das famílias que poderão perder tudo o que construíram e sonharam, além das revelações do caso, estamos publicando essa matéria e levamos todas as informações para a ONG Olho Vivo, que deverá tomar todas as ações cabíveis no sentido de investigar o caso com mais profundidade e defender o interesse das cerca de 43 famílias que poderão perder seu lar.



Voltar

Comentários




Notícias Relacionadas


Vídeos


Programa de Turismo Rural Caminhos do Campo virou lei em Taió

Programa de Turismo Rural Caminhos do Campo virou lei em Taió

Seminário sobre desastres naturais foi realizado em Rio do Sul

Seminário sobre desastres naturais foi realizado em Rio do Sul

Sicoob Alto Vale compartilha evolução com os associados durante pré assembleia, em Taió

Sicoob Alto Vale compartilha evolução com os associados durante pré assembleia, em Taió