Enfermeira dança com gestantes e conquista web: “Alegria, bom-humor e gentileza são métodos não farmacológicos pra dor”

Enfermeira dança com gestantes e conquista web: “Alegria, bom-humor e gentileza são métodos não farmacológicos pra dor”


Aos 50 anos, a enfermeira obstetra Shirley Rose Araujo, 50 anos, de Goiânia, Goiás, não mede esforços — e nem o rebolado — para fazer com que os partos sejam leves e descontraídos. “Desde criança sou ligada na área da saúde; é uma paixão. A obstetrícia foi influência da minha avó paterna, dona Adelaide, que era parteira numa pequena cidade do interior de Goiás”, conta.

Recentemente, ela viralizou nas redes sociais. Enquanto dançava com uma gestante que estava em trabalho de parto, a bolsa rompeu. “Não acontece muito não, foi uma coincidência — e das melhores”, divertiu-se.

Mas o que ninguém sabe é que há 6 anos, Shirley dança com suas pacientes para ajudar a controlar a dor e, claro, alegrar o ambiente. “Alegria, bom-humor e gentileza são métodos não farmacológicos para dor durante o trabalho de parto”, afirmou, em entrevista exclusiva à CRESCER. “Em 2015, no primeiro hospital em que trabalhei, que era de alto risco, a dança era a forma de diminuir o tempo do trabalho de parto. Ao distrairmos a gestante, tiramos o foco da dor. Além disso, a dança relaxa e auxilia a descida do bebê. Ele consegue encaixar, ajudando a dilatação e acelerando o trabalho de parto”, explica. 

Bolsa rompeu durante a dança (Foto: Reprodução/TikTok)
Bolsa rompeu durante a dança (Foto: Reprodução/TikTok)

Ela mesma cria coreografias baseadas no estilo da mãe. “Pode ser uma música calma ou agitada. Já tive paciente que dançou rock, forró, pagode… Eu sou eclética e danço qualquer música. A paciente é que escolhe o estilo”, afirma. “Sempre quando as convido para dançar, pergunto o que elas gostam, crio uma coreografia e tento adaptar à música”, conta. Segundo ela, movimentar-se — seja caminhando ou dançando — ajuda a musculatura da pelve e facilita o trabalho de parto. Por isso, a gestante pode e deve se manter ativa durante toda a gravidez. “E no parto, ela não precisa ficar só deitada ou sentada. Ela pode caminhar, dançar… Já tive paciente com cesárea anterior que desejava muito ter um parto normal, mas ela queria dançar para esquecer a dor. Então, ficamos dançando lindamente até ela alcançar 8 centímetros de dilatação. Não tem restrição; elas podem dançar e caminhar em qualquer momento durante o trabalho de parto”, afirma.

Dançando com 8 cm

“Foi um tiro no escuro”, conta a professora Valeria Rosane da Silva, 38, de Goiânia, sobre ter escolhido Shirley para auxiliá-la em seu parto. “Senti a primeira contração na madrugada, mas foi breve e voltei a dormir. Quase uma hora depois, veio a segunda e assim foi a noite toda. Estava decidida a ir ao hospital quando estivesse com intervalos pequenos, tinha medo de ser induzida a fazer cesária. Cheguei no hospital com 5 centímetros de dilatação pela manhã e logo na enfermaria fui apresentada à Shirley, que me recebeu com um grande sorriso. ‘Você é o meu presente desse plantão’, ela disse. Nossa, eu senti uma paz, uma serenidade muito grande”, lembra.

“As contratações estavam muito próximas e quando finalmente fui para a sala de parto, cerca de duas horas depois, já estava com dores muito fortes. Mas ela sempre me tranquilizando, falando coisas positivas que, além de trazer paz, me dava muita segurança. Shirley perguntou se eu conhecia os benefícios da dança durante o parto e me convidou pra fazer uma coreografia. Perguntou qual música eu queria, mas eu não conseguia lembrar de nenhuma. Ela escolheu e me ensinou. Foi preciso repetir várias vezes, pois eu estava com muitas contrações e não conseguia terminar o passo! Foi quando, milagrosamente, tirei o foco da dor. Eu queria terminar a coreografia! (risos) A Shirley fala que o que a marcou foi o meu sorriso. Com 8 cm de dilatação e muitas dores, eu ainda saí plena no vídeo”, diverte-se. “É porque eu estava feliz demais! Afinal, eu fui presenteada com uma profissional que conseguia entender o que eu estava sentindo e me conduziu da melhor forma possível”, afirma.

Valeria teve o pequeno Noah no dia 28 de maio. “Após a dança, o médico me examinou e eu já estava com dilatação total. Ou seja, além de tirar o foco da dor, ainda ajudou na dilatação. Meu filho veio ao mundo pouco tempo depois, cercado de profissionais que dão muito valor a cada paciente. Eu fiquei tão feliz e realizada! Foi muito além das minhas expectativas”, completou.

Dicas para as gestantes

Para quem está se aproximando do parto, Shirley dá algumas dicas. “O meu conselho é que elas procurem uma equipe que possa dar todo suporte; que tenha uma doula, uma enfermeira obstetra e um médico que goste de parto normal. Durante a gravidez, busque referências para ter confiança durante o parto. Eu incentivo que elas busquem fontes seguras e artigos confiáveis, e saiba que a história dela é única, será diferente de todas as outras que ela conhece. Ela tem que fazer a sua história. Seja protagonista do seu parto e confie no seu corpo, que foi feito para parir. Certamente, com um bom suporte durante a gestação, você vai conseguir chegar no final. A dor é fisiológica, não é patológica. Então, se desde a gestação, ela souber que a dor faz parte do trabalho de parto para que o bebê nasça bem e com saúde, ela conseguirá chegar até o final”, completou.

Revista Crescer



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